Para de querer criar o portfólio perfeito. Sério.
Por muito tempo, eu fiquei preso nessa armadilha. Achava que meu portfólio precisava:
- Provar todas as minhas habilidades
- Mostrar todos os projetos que já fiz
- Representar cada detalhe da minha trajetória
- Ter um design impecável
- Usar as tecnologias mais modernas
- Ser único e inovador
E sabe o que aconteceu? Nada. Absolutamente nada. Porque a busca pela perfeição me paralisou.
A Lição da Engenharia de Software
Engraçado como às vezes esquecemos de aplicar na nossa vida os mesmos princípios que usamos no código.
Na engenharia de software, sabemos que é fundamental ser pragmático. Entendemos a importância de:
- Entregas incrementais
- MVPs (Minimum Viable Products)
- Iterações e melhorias contínuas
- Evolução gradual do sistema
Mas quando se trata do nosso próprio portfólio? Ah, aí queremos lançar a versão 10.0 perfeita logo de cara.
Isso não faz sentido.
O Desafio Real do Desenvolvedor Backend
Ao longo da minha jornada como desenvolvedor back-end, sempre senti uma dificuldade específica: como apresentar minha trajetória de um jeito que fosse fácil de ler, mas que ainda mostrasse bem minha bagagem técnica?
Afinal, nosso trabalho é invisível para a maioria das pessoas. Não criamos interfaces bonitas que chamam atenção. Trabalhamos com:
- APIs que ninguém vê
- Arquiteturas que ficam debaixo dos panos
- Otimizações de performance que são sentidas, mas não vistas
- Sistemas distribuídos complexos que poucos entendem
Como você coloca isso num portfólio de forma que não fique apenas uma lista chata de tecnologias?
A Virada: Autenticidade > Perfeição
Demorei muito para entender o que eu realmente amava nos portfólios de profissionais backend que sigo até hoje.
Não era o design super elaborado. Não era a quantidade de projetos. Não era nem mesmo a complexidade técnica exibida.
Era a autenticidade. Era ver um espaço simples e verdadeiro, que mostrava:
- Quem a pessoa é
- No que ela tem trabalhado
- O que a desperta curiosidade
- Sua evolução ao longo do tempo
Quando finalmente entendi isso, tudo mudou.
Meu Portfólio: Menos Código, Mais História
Meu portfólio atual tem menos de dois anos de código, mas carrega mais de seis anos de carreira.
Seis anos cheios de:
- Mudanças de tecnologias e paradigmas
- Desafios técnicos que me fizeram crescer
- Projetos que deram certo e outros que falharam
- Aprendizados técnicos e humanos
- Evoluções como profissional e pessoa
E sabe qual é a melhor parte? Assim como eu, ele está sempre em evolução.
Não é perfeito. Nunca será. E tudo bem.
Os Detalhes que Importam
Tem uma coisa que sempre quis compartilhar: as cores do meu portfólio são baseadas no tema Vesper.
É o tema que mais utilizo hoje em dia no VSCode e no Zed. Aquele laranja característico, o cyan suave, o fundo escuro confortável.
Por quê? Porque é autêntico. É literalmente o ambiente onde passo grande parte dos meus dias criando soluções, resolvendo problemas, escrevendo código.
Por que eu fingiria ser outra pessoa no meu portfólio?
O Que Aprendi (E Você Pode Aplicar)
1. Comece Imperfeito
Lança uma versão 1.0. Mesmo que seja simples. Mesmo que falte coisa. É melhor ter algo no ar do que ter perfeição no rascunho.
2. Seja Pragmático com Você Mesmo
Aplique os mesmos princípios de desenvolvimento que você usa no trabalho. Iterações. Melhorias contínuas. Evolução gradual.
3. Autenticidade > Complexidade
Não tente impressionar com buzzwords ou projetos que não representam quem você é. Mostre seu trabalho real, seus interesses genuínos.
4. Menos é Mais
Você não precisa mostrar tudo que já fez. Escolha os projetos que realmente importam, que contam sua história, que mostram sua evolução.
5. Evolução Contínua
Seu portfólio não é um produto acabado. É um organismo vivo que cresce com você. E isso é lindo.
A Verdade Sobre Portfólios
Aqui vai a verdade que ninguém te conta: recrutadores passam em média 30 segundos olhando um portfólio.
Trinta. Segundos.
Então para que toda essa pressão pela perfeição? Para que meses adiando o lançamento?
O que realmente importa:
- Conseguem entender rapidamente quem você é?
- Conseguem ver suas principais habilidades?
- Conseguem acessar seus projetos principais?
- Conseguem entrar em contato com você?
Se a resposta for sim, você já tem um portfólio funcional. O resto é iteração.
Meu Conselho Sincero
Se você está adiando criar ou atualizar seu portfólio porque "ainda não está bom o suficiente", pare.
Respire fundo e se pergunte:
- Está funcional? Mostra o básico sobre você?
- Está autêntico? Reflete quem você realmente é?
- Está acessível? As pessoas conseguem navegar?
Se sim, publique. Agora.
Depois você itera. Melhora. Adiciona funcionalidades. Refatora o design. Otimiza a performance.
Exatamente como fazemos com código.
Evolução, Não Perfeição
Meu portfólio hoje é completamente diferente de quando comecei. E daqui a um ano será diferente de novo.
Porque eu sou diferente. Minhas habilidades evoluem. Meus interesses mudam. Minha forma de me comunicar melhora.
E tudo isso é refletido no portfólio. Não porque eu esperei estar perfeito para lançar, mas porque comecei imperfeito e fui iterando.
O Que Realmente Importa
No fim das contas, seu portfólio não é sobre impressionar pessoas com complexidade técnica ou design perfeito.
É sobre:
- Mostrar quem você é
- Facilitar conexões com oportunidades
- Documentar sua jornada
- Refletir sua evolução
E nada disso requer perfeição. Requer apenas começar.
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PS: Esse texto foi originalmente compartilhado no meu LinkedIn, onde compartilho reflexões sobre desenvolvimento e carreira.
PPS: Curioso sobre o tema Vesper? Confira aqui - é um dos temas mais elegantes para quem passa o dia codando.
